segunda-feira, 13 de abril de 2009

Implosão Mundial

Realmente não sei o que está acontecendo com o cinema, principalmente o cinema hollywoodiano. E sei, menos ainda, por que as pessoas insistem em assistir a filmes tão ruins. A minha suspeita é que deve ser por mero saudosismo. Desde que Gwyneth Pathrow tirou o Oscar de Fernanda Montenegro, e a "Vida é Bela" de "Central do Brasil" que eu deixei de me interessar pelo Oscar. Aliás, o filme ter ganho o Oscar é motivo suficiente para eu nem assisti-lo, ou, pelo menos, não pagar para assisti-lo. Se passa na TV ou alguém me empresta o DVD até perco o meu tempo.
Esse ano, como o ganhador foi um filme indiano, ainda que com uma co-produção inglesa, interessei-me em vê-lo, achei que apresentaria algo novo, diferente do que temos visto nas telas. Que horror! Pensar que aquele filme indiano está na galeria de produções como "E o Vento Levou...", "Caruagens de Fogo", "Um Estranho no Ninho", "Ben-Hur" e tantos filmes maravilhosos (e outros tão ruins quanto o indiano "Quem quer ser um milionário?"). E, pior, que existam pessoas que aplaudam-no, sem o menor senso crítico, e considerem-no digno de figurar numa lista com tantas produções memoráveis. Realmente a mídia cega as pessoas.
Nunca vi uma exploração de miséria feita com tantos requintes de crueldade. A mensagem do filme era: "Sofra, caia até em estrume de animal, viva na mais absoluta pobreza, aí você pode virar um milionário". Indignada, saí no meio da exibição. Se é para ver miséria prefiro assistir ao programa do Bocão. Pelo menos ele ainda não ganhou nenhum prêmio internacional.
Mesmo traumatizada com a minha volta às salas de cinema (exceção só estava fazendo para os filmes nacionais, sem apelação), nesse final de semana meio chuvoso, por indicação de amigos, resolvi assistir a "Gran Torino", dirigido por Clint Eastwood. O ator/diretor já fez boas realizações, como "Os Imperdoáveis" e "As Pontes de Madison". A sua nova realização tem um tema interessante: o choque entre as culturas. A personagem de Eastwood mora sozinho em um bairro cujas casas foram sendo compradas por chineses. Os chineses querem que ele vá embora, e ele quer o contrário: que sejam os chineses a irem. O conflito ganha mais corpo quando o filho de uma das famílias invade a casa do ator/diretor para roubar-lhe o Gran Torino, um carro, uma relíquia cuidada com muito empenho por ele.
Como não consegue fazer o "serviço", o chinês é espancado pelo seus primos, membros da gangue da qual quer fazer parte, e salvo por Eastwood, que também salva uma menina, outro membro da família. Os chineses ficam muito gratos a ele; a convivência entre o americano e os chineses é muito interessante, e rende boas risadas. O diretor tinha uma jóia - aprofundando as diferenças e perspectivas culturais - nas mãos, preferiu trnasformá-la em vidro. Repete os clichês habituais dos filmes americanos. Pessoa doente, estupro, situações se resolvendo sob a mira de uma arma (gostaria de saber quanto as indústrias de arma gastam para financiar o cinema hollywoodiano), banho de sangue. O desfecho do filme, que poderia ter sido dos mais agradáveis, é ruim e, só não destrói todo o trabalho, por que há uma dubiedade na intenção do chinês, no final.
Quando vejo as salas de cinema, antes tão cheias com ingressos sendo disputados em longas filas, quase vazias, penso se os diretores cinematográficos não percebem o quão equivocados estão. Podem estar recebendo milhões para fazer propaganda de produtos ruins, alguns até letais, mas não é só a cabeça das personagens que estão detonando nas telas, estão implodindo também o cinema mundial.

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