quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Balança, balança, e cai

A audiência da televisão brasileira despenca mais que a bolsa de valores (que essa semana deu até uma boa recuperada). Com o advento da TV a cabo, as emissoras de TV aberta foram, progressivamente, baixando o nível da sua programação e, com o advento do controle remoto, tiveram maior possibilidade de competição, o que poderia ter gerado uma melhoria na qualidade dos programas - aconteceu o oposto.
A antes toda poderosa Rede Globo não consegue fazer com que audiência de suas novelas das 18 hs e 19 hs ultrapasse 30 pontos no Ibope, e a das 20 hs, exibida atualmente, obtém uma marca de 40 pontos. Para uma emissora que já chegou a cravar 100% dos televisores ligados em final de novela das 20 hs, marcando uma média nunca inferior a 70%, a audiência atual é um verdadeiro fiasco.
E o esporte? O jogo Brasil X Portugal não foi além dos 34 pontos, com seleção brasileira (Kaká, Robinho, Luís Fabiano...) e, de quebra, o maior jogador atuando na Europa, Cristiano Ronaldo, na equipe adversária. Essa baixa deveria por fim à baixaria, no entanto as emissoras ainda não acreditam que o espectador cansou-se de tanta falta de qualidade. Ainda que tenham como prova a estréia, este ano, do CQC, a única atração de qualidade a estrear nos últimos tempos.
Em poucos meses (o programa desta semana foi de número 37) o CQC caiu no gosto do público. É assistido até pelo presidente da república, e as "celebridades" que, a princípio, evitavam os seus entrevistadores, especialistas em perguntas desconcertantes, passaram a gostar de lhes dar entrevistas. Os produtores/apresentadores da atração "importaram-na" da Argentina porque devem ter percebido o desgaste do populismo televisivo.
A Globo chegou à liderança apresentando atrações como Chico Anísio, Jô Soares (que começou fazendo humor); novelas como "Roque Santeiro", "O Bem-Amado" e "Selva de Pedra"; minisséries como "O Tempo e o Vento" e "Anos Dourados"; musicais exibidos na faixa "Quarta Nobre". Se antes era um prazer assistir-se à Rede Globo, atualmente é um desconforto, tal a falta de criatividade, o excesso de apelação nas novelas, a ausência de apresentadores inovadores. Na empresa dos Marinho, que já foi exemplo para o mundo, hoje quase tudo é imitação.
Se na líder, a falta de originalidade é grande, imagine nas outras. Para resgatar a audiência perdida, o SBT teve que recorrer à reapresentação de "Pantanal", que nos faz lembrar o quanto era bom acompanhar-se a uma novela, e trazer de volta Sílvio Santos aos domingos (num longo programa onde só quem brilha é a pequena Maísa).
A Rede Record tem conquistado público indo ao fundo do poço do horror. Se é para apelar, nada de meio termo. As suas novelas, "Os Mutantes", uma miscelânia de tudo o que se vê nas telas de Hollywood, e "Chamas da Vida" que mostra desde pessoas drogadas até estrupadores, não fazem nenhuma concessão ao bom senso. O público, "zumbi" da baixaria televisiva, tem assistido, pelo menos até quando acordarem desse efeito hipnótico. Na Record, dois programas não caem no apelativo, o "Tudo é possível", com Eliana (aliás, Eliana, mesmo repetindo os quadros semana a semana, é uma das pouca apresentadoras(os) que se preocupa com o conteúdo do que leva para o público), e "Ídolos", sob o comando de Ricardo Faro, uma cópia estrangeira, mas o único programa a tentar descobrir um novo ídolo musical que tem qualidade (os finalistas dão show a cada semana).
Como os pacotes financeiros que vêm sendo lançados por todo o mundo, as emissoras abertas precisam também de pacotes televisivos, ou vão acabar sem espectadores diante de suas telas. No mundo de DVDs, internete, jogos eletrônicos, TV a cabo, celulares, assistir-se à TV tem que valer a pena. Já há muito com que se perder tempo.

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